Ema Jurema, colunista do EXTRA, acompanhou tudo pessoalmente, de gravata borboleta, a convite de Eduardo Paes
Por João Vitor Costa — Rio de Janeiro

Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde, diz que serão distribuídas 3 mil doses de Ozempic por mês, se programa for implementado no Rio — Foto: João Vitor Costa / Agência O Globo
Tema da campanha de Eduardo Paes na última eleição, depois que euzinha arranquei dele o desejo de disponibilizar Ozempic nas clínicas da família do Rio, a promessa deve mesmo sair do papel. Para cumpri-la, o prefeito criou um grupo de trabalho que estude e planeje a implantação do tratamento com semaglutida, princípio ativo do medicamento para emagrecimento, na rede de saúde municipal, conforme publicado na primeira edição do Diário Oficial do ano, nesta quarta-feira (1º).
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— Isso é muito importante. As pessoas falam sobre isso de maneira jocosa, mas é uma política de saúde pública contra a obesidade, que é um problema grave — observou Paes.
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Convidada de honra
Convidada pelo próprio prefeito para acompanhar sua posse, realizada na Câmara de Vereadores do Rio, ontem de manhã, euzinha coloquei uma gravata borboleta e bati asas dentro do Palácio Pedro Ernesto. Com a porta principal fechada, entrei pela lateral, próximo ao clássico bar Amarelinho, na Cinelândia, e peguei meu crachá. Devidamente credenciada, acompanhei a cerimônia, com direito a algumas espiadas da tribuna de imprensa. Minhas penas quase saíram quando o prefeito ainda citou nominalmente “Ema Jurema” em seu discurso, para os parlamentares e convidados.
Paes se referia à promessa — tratada como dívida — feita a esta coluna em outubro, ainda como candidato à reeleição, de que o Rio não teria mais “gordinho”, após revelar ter emagrecido 30 quilos usando Ozempic. Depois de eleito, o prefeito assumiu que a proposta só entrou em seu plano de governo após a entrevista.
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3 mil doses por mês
O decreto publicado ontem menciona os “benefícios comprovados da semaglutida no tratamento da obesidade”, ressaltando a perda de peso, a “melhora dos fatores de risco cardiometabólicos” e a maior qualidade de vida dos pacientes. O texto pontua ainda a “importância de garantir o acesso equânime” a esse tipo de tratamento “para todos os cidadãos do Rio”.
O grupo de trabalho será coordenado pela Secretaria de Saúde e tem 90 dias para realizar estudos e elaborar uma proposta para conseguir implementar o tratamento nas clínicas da família. Segundo Daniel Soranz, à frente da pasta de Saúde, com a quebra da patente do Ozempic, o que ocorrerá no início de 2026, diversos fabricantes poderão produzir o medicamento, sem necessidade de pagar os direitos da patente.
No Brasil, ressalta o secretário, já há fábricas se preparando para essa produção. O município do Rio já está em negociação com quatro laboratórios, incluindo o Novo Nordisk, produtor do Ozempic. A previsão de Soranz é que, quando instituído o programa, três mil doses serão distribuídas por mês na rede pública municipal. O medicamento será destinado ao tratamento de obesidade. Será necessária prescrição médica, além de acompanhamento nas clínicas da família.
Presidente baixinho?
Assim como Eduardo Paes, os 51 vereadores eleitos no último pleito tomaram posse, prometendo respeitar as leis e desempenhar o mandato com retidão (sem desvios). Presidida por Carlos Bolsonaro, mais votado nas urnas, a cerimônia chamou, em ordem alfabética, todos os parlamentares. Zico — que é Antônio José Papera de Azevedo na certidão — “furou fila” e foi o primeiro a assinar o juramento. O decano Cesar Maia, por sua vez, foi o único a participar remotamente, mas, desta vez, sem sustos. Em junho, durante uma sessão, o vereador mostrou mais do que devia e apareceu sentado no vaso sanitário.
Já o “baixinho” Carlo Caiado, eleito presidente da Casa de forma unânime, negou ter ficado na ponta dos pés para assinar o livro de posse.
— Aí você quer me quebrar. Tenho uma estatura boa. Só olhar os placares (de peladas) do time de vereadores e vai ver que, com essa altura e na minha posição, de zagueiro lateral, não tomamos gols de cabeça — brincou ele.
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Chips nos cavalos
A maratona de Paes, que passou a virada em Copacabana e amanheceu na Câmara, ainda continuou à tarde, na posse de seus secretários, subprefeitos e presidentes de órgãos municipais. No Palácio da Cidade, em Botafogo, o prefeito recebeu todos os empossados, ao lado do vice, Eduardo Cavaliere.
Em clima descontraído, no qual Paes mencionou até que muitos ainda deviam estar de ressaca, cada gestor foi chamado à frente da plateia para assinar o livro de posse. Édson Menezes da Silva, novo secretário de Gestão Governamental, foi um dos mais aclamados pela plateia, com aplausos e gritos de “Edinho”.
Já o novo secretário de Conservação, Diego Vaz — que brincou dizendo que quer usar Ozempic após exagerar nas festas de fim de ano — assinou o termo de posse sob coro de “asfalto, asfalto”. Bernardo Fellows, que assume a presidência da Riotur, por sua vez, recebeu pedidos de “ingressos, ingressos” dos colegas.
Luiz Ramos Filho, secretário de Defesa dos Animais, decidiu me fazer um afago. Depois de microchipar cães e gatos, medida que ajuda a identificar os tutores e, consequentemente, descobrir responsáveis por abandono dos bichinhos, ele anunciou que em 2025 é a vez de cavalos.
— E vamos avaliar a microchipagem das emas — brincou Ramos ao falar comigo
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Luiz Ramos Filho, secretário municipal de Defesa dos Animais, irá microchipar cavalos (e estuda se fará isso com emas) — Foto: João Vitor Costa / Agência O Globo
Link da matéria original: Zagueiro da pelada, microchip em cavalos e Ozempic: os bastidores da posse de prefeito, secretários e vereadores do Rio